COMUNICADO OFICIAL DO SINDICATO RURAL DE CAMPO NOVO DO PARECIS
O Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis, em nome dos seus associados, vem expor e ressaltar as suas preocupações com os impactos na economia local no curto prazo devido a maior seca dos últimos 40 anos. Essa alteração de chuvas causou significativa perda de produtividade, ainda não mensuráveis nas lavouras de soja. Produtores que antes tinham uma média de 50 a 70 sacas por hectare, hoje estão colhendo entre 4 a 30 sacas de soja por hectare, não conseguindo assim nem pagar o custo da produção. Muitos produtores de algodão foram obrigados a perder a lavoura de soja para tentar recuperar o prejuízo na outra cultura. Hoje estima-se uma perda geral de 25% de produção.
A falta de chuva regular nos últimos meses de 2023 terá consequência na segunda safra também, pois agora a janela de plantio já foi perdida e não tem mais como recuperar. As lavouras de milho, algodão, canade-açúcar, feijão, girassol e até a pecuária foi afetada.
Apesar de os últimos anos a colheita ter sido boa, o nosso setor não consegue deixar guardada a safra de um ano para outro, pois o produtor anualmente necessita realizar novos investimentos para não perder competitividade e reduzir custo. Tivemos a diminuição da oferta de fertilizantes/insumos por conta da guerra e pandemia, levando ao aumento absurdos dos preços dos produtos que usamos. Houve aumentos significativos de impostos e taxas como ITR e Fethab 2. Os relatórios externos de produtividade do USDA dos EUA que não representam a realidade induziram a queda do preço da soja aumentando mais ainda o custo de produção. Sem falar que muitos produtores tinham dívidas antigas e aproveitaram as safras passadas para colocar as contas em dia e não tem poupança para aguentar uma frustração de safra junto com queda de preço.
Praticamente todos os produtores têm contratos de vendas antecipadas de grãos para cumprir, além de arrendamentos, parcela de financiamento bancário, CPR’s e pagamento de fornecedores, e hoje com os cenários que temos os produtores estão visualizando a dificuldade de cumprir todos os compromissos em dia. Tudo isso somado a política econômica de alto juros e dificuldade de acesso aos recursos públicos.
Nessa perspectiva a economia do Chapadão do Parecis será severamente afetada, pois, haverá menos dinheiro circulando no comércio, com a consequente diminuição da arrecadação tributária local que muito provavelmente reduzirá as oportunidades de emprego e renda para a população. Com base no cenário exposto, visando minimizar a inadimplência do produtor e a consequente perda de crédito, o Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis afirma a necessidade de atuação do Governo Federal e instituições financeiras, no sentido de renegociar os compromissos assumidos pelos produtores rurais e os pagamentos dos custeios e investimentos que terão vencimento neste ano.
Temos consciência da gravidade da situação, mas sabemos o quanto os produtores rurais são otimistas, e buscarão de todas as formas superarem mais essa dificuldade e se manter no ramo de atividade. Juntos e com o apoio da sociedade, venceremos e continuaremos investindo na nossa região.
Recomendamos que o produtor registre as perdas por meio de laudos técnicos e fotos. Estamos a disposição para maiores orientações.
Campo Novo do Parecis (MT), 16 de janeiro de 2024.
Bruno Giacomet Gonçalves
Presidente Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis