O 3º Simpósio Técnico da Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT)- Anomalias da Soja e Armazenagem começou nesta quinta-feira (10) já trazendo para o debate temas que causam muita preocupação ao produtor: o futuro da produção e a armazenagem de grãos. As temáticas foram abordadas no painel Mercado e Sustentabilidade, realizado durante o período matutino.
A proposta do evento, destacou o vice-presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, é trazer informações e contribuir para que o trabalho dos produtores rurais atinja níveis cada vez melhores.
“São eventos como esse que nos ajudam a construir os nossos trabalhos e tornar a nossa entidade cada vez mais forte na representação dos produtores rurais e trazemos aquilo que o produtor mais necessita, sobre como produzir mais, fazendo o melhor uso dos recursos além de orientar o trabalhador sobre como ser mais assertivo nas comercializações. São informações que nos ajudarão a tomar importantes decisões”, disse Costa Beber durante a abertura do Simpósio.
A deputada federal Coronel Fernanda (PL) e integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária prestigiou a abertura do evento e comentou que o agronegócio tem levado as demandas até os parlamentares em Brasília. A representante mato-grossense afirmou que está sendo feito o trabalho para atendimento de tais demandas. Dentre elas, está o investimento em infraestrutura.
“O cidadão sente, sim, falta de uma rodovia asfaltada, mas quem mais paga por isso é o agro por não ter condições suficientes de fazer com que a sua carga, o seu produto, seja escoado. Estamos recebendo várias demandas e vocês podem ter certeza que estamos pensando em vocês.
O Secretário Executivo do Meio Ambiente de Mato Grosso, Alex Marega, lembrou que a gestão estadual defende o Código Florestal e como resultado o Estado tem combatido, sim, o desmatamento ilegal. Mas, enquanto isso, tem garantido também ao proprietário legal da terra o seu direito de abrir o percentual permitido pela legislação ambiental. Para o secretário os números demonstram que o produtor tem feito tudo dentro da legalidade, conforme as diretrizes do cadastro ambiental. Isso significa também que na propriedade rural há uma reserva legal, as áreas de preservação permanente estão sim preservadas.
“Esse cenário é um diferencial na nossa produção. Nos Estados Unidos, a produção é feita em toda uma área, até próximo de um rio. Aqui no estado de Mato Grosso não, tem essa preservação. Mas esse custo da preservação não é colocado dentro desse produto. Essa é uma das outras defesas que temos que buscar, dizer que tem esse serviço ambiental agregado à produção”, defendeu.
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O primeiro assunto do dia foi o “Cenário do mercado agrícola de soja e milho”, com o economista e consultor sênior Paulo Molinari da Safras e Mercado. O especialista pontuou que, a curva continua sendo baixista, tanto para a soja quanto para o milho, no ano que vem, mesmo diante das duas grandes safras que virão da América do Sul.
“Atualmente, a bolsa de Chicago indica o preço de US$ 13 a US$ 14 dólares por bushel para os meses de março a maio do ano que vem. Acreditamos que, dentro de uma situação próxima do normal do clima, poderemos ver em maio de 2024 Chicago a US$ 11 dólares por bushel, explicou.
O especialista complementou que o milho vai depender da safra de verão e de quanto será exportado agora nesse semestre. Além disso, é preciso esvaziar os armazéns para que venha a safra de soja 2024.
“Provavelmente a safrinha do ano que vem terá uma regulação de preço, uma retração de área plantada e pode isso, talvez, ajudar o preço no segundo semestre. Mas de qualquer forma não será um ano de alta de preço para termos isso é preciso ter algum outro fato, uma coisa nova, e isso não está aparecendo agora”, analisou.
Se por um lado se falou de como está sendo e será a produção de grãos, a questão da armazenagem também foi abordada nessa manhã. O superintendente do Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleiton Gauer, falou sobre o “Déficit de armazenagem e a capacidade necessária”.
Gauer reforçou que, enquanto a produção passa por um crescimento, a armazenagem não evolui na mesma proporção.
“Já temos um déficit bastante pesado hoje. No futuro, se nada for feito, teremos ainda mais dificuldades no Estado. A armazenagem traz muitos benefícios para o produtor, mas o principal ponto é a segurança para a comercialização do seu próprio grão, uma vez que o proprietário tem condições de negociar no momento oportuno”, destacou.
A discussão tem agradado os integrantes do público alvo. Bruno Giacomet Gonçalves, produtor rural e presidente do Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis, contou que, após uma das palestras, mudou uma decisão que tomaria.
“Graças as informações que tive já valeu meu dia, meu mês e quem sabe até mesmo a minha safra. Tudo é repassado de forma simples, clara. Valeu muito a pena ter saído de Campo Novo e ter vindo para cá. Após esses eventos, a gente volta para casa com muito conteúdo novo, temos a oportunidade de fazermos bons negócios. Certamente, o evento será um sucesso”, afirmou.
Além das informações técnicas, o público também terá acesso aos trabalhos desenvolvidos pela Aprosoja-MT, comentou o diretor executivo Wellington Andrade. Isso porque, nesta edição, as quatro comissões de trabalho, Sustentabilidade, Política e Defesa Agrícolas e Logística participam do evento apresentando os projetos desenvolvidos em prol do produtor rural.
A programação segue na tarde desta quinta-feira (10) e na manhã de sexta-feira (11).
Fonte: Natália Araújo – Aprosoja